As notícias são preocupantes. Há
sinais de alarme que não podem ser ignorados, apesar da bonomia com que nos
são apresentadas medidas geralmente bem aceites pela população, por traduzirem
um alívio imediato na carteira.
Estou a contradizer-me não é
verdade? Por um lado, estamos melhor, não há dúvida, por outro basta saber fazer
contas de somar para ver que o que nos dizem não bate certo.
Claro, bem sei, há um certo grau
de incerteza e se “todos os santos” se unirem até pode correr bem.
A verdade é esta: O governo do
Partido Socialista está a ser coerente. Prometeu mudança e está a fazê-la,
efetivamente. Prometeu aliviar os sacrifícios e está a cumprir.
Então se as notícias são boas, de
onde vem a preocupação? Bom, por um lado o que se percebe é que o PS não só não
aprendeu a lição e está a usar exatamente a mesma receita que conduziu o país à
necessidade de se submeter ao domínio da troika, mas mais do que isso, cedendo
à esquerda mais à esquerda, está também a fomentar um cultura de facilitismo.
Temos por um lado o incentivo ao
consumo que vai levar ao recurso ao crédito e ao endividamento das famílias. Se
a economia mundial ajudar, com todos a gastar mais, talvez a vida melhor para
todos... artificialmente, claro. É um filme que já vimos e que não deve ser
esquecido tão rapidamente.
Perguntam-me os meus amigos. Mas
achas que não deviam baixar os impostos e aumentar o ordenado mínimo e devolver
os feriados e passar o horário de trabalho de novo para as 35 horas e, e, e...?
Não, claro que não, mas sei que se o meu orçamento mensal não dá para ir todos
os dias ao restaurante, não poderei ir. Sei que há limites, que há compromissos
e que não é possível a ninguém viver eternamente a gastar mais do que produz.
Evidentemente, sobretudo no caso
da função pública, há situações em que o rendimento mensal tinha levado um
rombo descomunal e se agora recuperam o anterior nível de vida, só podem estar
a esfregar as mãos. E também sei que se fossem confrontar os pensionistas com
esta questão: Quer receber mais e correr o risco de daqui a dez anos não ter reforma,
ou prefere receber menos com a garantia que o sistema não vai falir? Haveria
sempre muitos a dizer: sei lá se cá estou daqui a dez anos, quero receber é
agora.
Conhecem certamente o ditado,
quem vier atrás que feche a porta. É o lema.
Mas pior é a questão do
facilitismo. A ideia que está tudo bem e que os funcionários públicos a
trabalhar 35 horas por semana chega bem para o que o país precisa deles ou
acabar com os exames que serviam para aferir o empenho dos professores e não
dos alunos são uma irresponsabilidade que serve apenas para agradar aos
sindicatos.
Em Tomar também foi anunciada uma
mudança mas até agora nada que os tomarenses sentissem particularmente. Ao fim
de dois anos, a gestão socialista é sobretudo falada em função da relação Anabela
Freitas-Luís Ferreira. Primeiro pelo facto da presidente nomear o seu
companheiro para o cargo no Gabinete da Presidência da Câmara de Tomar e agora
por este ter trocado esse lugar por um no quadro de pessoal do município de
Tomar, que fica para sempre.
Pelo meio houve a infindável
lista de delegação de poderes da presidente no seu chefe de gabinete e o facto
deste acumular funções executivas, eletivas e de nomeação, com a complacência
de Anabela Freitas.
Da mudança prometida até agora,
nada. De relevo temos o fim do festival de Estátuas de Vivas, o fim do cinema
no Cine-Teatro Paraíso, a recusa de apoio ao evento Lego a favor do CIRE,
jardins menos cuidados, ruas mais sujas, ervas nos passeios como nunca se
viu...
O Flecheiro tinha promessa de
solução de cem dias e nem sinal. O edifício do Mercado Municipal teve abertura
marcada para 25 de abril de 2014, mas está agora prevista para dia 28...
Boa tarde. Em relação a este texto sempre lhe pergunto se isto é um caso de finanças públicas ou um caso simples caso de esbulho da função pública que num ápice se viu roubada de parte do seu rendimento. Pela mesma ordem de ideias lhe pergunto se o corte dos 4 feriados contribuiu para a diminuição do défice e aumento do PIB? É que se foi assim cortavam-se já e durante um ano com todos os feriados e férias como, aliás, disse a Dra. Manuela Ferreira Leite. E já que o governo de Passos Coelho foi tão lesto a cortar o 5 de Outubro e o 1 de Dezembro, porque não cortou antes os feriados do 25 de Abril e do 1º de Maio? E se estamos ainda a falar destes assuntos então é sinal que estas duas medidas em nada serviram. Os 3 grandes culpados não foram a função pública pois não? Talvez tenham sido o PS sozinho e uma vez coligado com o então CDS; o PSD sozinho e coligado com o CDS e o CDS sempre coligado com o PSD e o PS. Foram 40 anos não é verdade? É que sabe, eu como todos os outros trabalho e não tomei decisões do género de alguém há-de pagar e quer-me parecer que o sr. também não. E não se esqueça que Passos Coelho afirmou textualmente que nunca mexeria nem com ordenados nem com pensões como se pode comprovar através dos seus textos e entrevistas.Com os meus cumprimentos.
ResponderExcluirConcordo consigo em quase tudo. O objetivo do texto é abordar uma mudança coerente e outra incoerente. Agradeço o seu comentário.
ExcluirBoa noite. Neste momento o novo governo PS/CDU/BE/Verdes tem sido coerente com o programa que apresentou ao contrário do que aconteceu com o governo PSD/CDS que escreveu e propalou um conjunto de propostas em que mentiu e umas tantas mais que executou dizendo que nunca tinha proposto nada o que é tão mau ou pior do que mentir. E com isto não quero dizer, escrever ou manifestar que sou favorável ou desfavorável a este governo. Mas uma coisa eu sei: não gosto de mentiras venham elas de onde vierem. Com os meus cumprimentos.
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