sábado, 20 de fevereiro de 2016

Câmara de Alpiarça é trabalho provisório para Luís Ferreira

Luís Ferreira volta a surpreender. Usando novamente a sua conta de e-mail do Município de Tomar, escreveu desta vez aos três vereadores da oposição (João Tenreiro, António Jorge e Pedro Marques), com conhecimento aos vereadores do PS e... a Hugo Costa, presidente da concelhia do Partido Socialista. Já o vereador da CDU, Bruno Graça, foi ignorado.
A mensagem que tem como assunto “A INCRÍVEL APETÊNCIA DA OPOSIÇÃO PARA O DISPARATE SOBRE OS BOMBEIROS” aponta críticas aos vereadores da oposição, no caso de Pedro Marques, devido aos reparos que deixou em relação à data de comemoração do aniversário dos Bombeiros de Tomar e no caso dos vereadores do PSD, a propósito dos comentários que fizeram em relação às viaturas do INEM.
Curioso é que Luís Ferreira, na mensagem, faça questão de referir que «apesar de estar por agora provisoriamente em trabalho na ribatejana vila de Alpiarça e provisoriamente residente na bela vila da Nazaré».
A mensaem completa é a seguinte:
Estimados Senhores Vereadores da oposição Municipal
 Sei bem que eventualmente auguravam não terem contraditório após as reuniões de Câmara, com as observações e propostas, por vezes despropositadas, que vêm fazendo e dizendo nas mesmas, sobre os mais diversos assuntos.
Sei bem, que muitas das vezes as fazem apenas para ocupar algumas linhas de jornal ou, para terem um pequeno tempo de antena nas rádios.
Acontece que, pelo facto de já ter estado na vossa (ingrata) posição, sei bem que há duas formas de apresentar assuntos em reunião de Câmara: sabendo do que se fala, depois de estudar longas horas os assuntos e argumentando com factos sobre os mesmos ou, por outro lado não sabendo e inventando ao sabor da pena...
Penso que é evidente sobre qual o caminho que optaram.
Desenganem-se que, apesar de estar por agora provisoriamente em trabalho na ribatejana vila de Alpiarça e provisoriamente residente na bela vila da Nazaré, não me darei ao trabalho, na qualidade de deputado Municipal e através dos meios que entendo adequados, procurar demonstrar a vossa impreparação política e administrativa para o exercício corrente de funções autárquicas e errónea abordagem sobre alguns assuntos que, de quando em vez seleciono, entre os inúmeros que quinzenalmente nos oferecem para dissecar.
Assim, meus caros, aqui vai:
Na senda do que vem sendo a atitude permanente dos vereadores da oposição, no sentido de falarem de cor, sem cuidarem de se informar sobre os factos, têm sido ditas e proliferadas pela comunicação social tomarense, os maiores dispartes sobre os Bombeiros de Tomar.
Ao quererem fazer política a olhar para o capô do carro, ou seja, ao irem atrás da sensação do momento das redes sociais ou das mentiras, misturadas com algumas verdades, que “de dentro” vão sendo sopradas, os inexperientes vereadores do PSD, são pau para toda a obra do “batido” Pedro Marques, porque “no tempo dele é que era bom”…
Mas vamos ao que interessa. Em primeiro lugar a data da fundação dos Bombeiros e as razões da eventual “confusão”.
PARTE I – A TONTICE de Pedro Marques COM A DATA DA FUNDAÇÃO DOS BOMBEIROS
Durante décadas, especialmente desde os anos 50 do século passado e, com especial incidência, desde as comemorações dos 800 anos de Tomar, organizados entre 1960 e 1962, o regime de então assumiu a data da fundação dos Bombeiros de Tomar, como sendo 28 de janeiro de 1923.
Aliás, o grande documento de prova é, precisamente a capa do Regulamento do Corpo de Salvação Pública, que refere que o mesmo foi aprovado na reunião do executivo camarário de 24 de fevereiro de 1922 e coloca como data de “Fundação”, precisamente 28 de janeiro de… 1922 (?!).
Confrontados com um conjunto disperso de documentos sobre os Bombeiros de Tomar e a sua História, a vereação socialista da Proteção Civil em 2010, encomendou a uma pequena empresa de Tomar o levantamento documental sobre os registos existentes dos Bombeiros. Desse trabalho, resultou um pequeno volume que pode aqui ser consultado, onde entre outros factos se consultou as atas da Câmara Municipal, especialmente dos anos 10 e 20 do século passado e se constatou que:
- em 1917 é “declarada” a criação de uma corporação de bombeiros voluntários;
- em 1919 é proposto pelo vereador Avelar, a criação de um grupo de bombeiros pertencente ao Município;
- Em 1921, surge através do vereador Gonçalves Ribeiro a proposta de um Regulamento para o Corpo de Salvação Pública (CSP).
- O documento foi estudado por todos os envolvidos, sendo a versão final foi aprovada a 7 de Dezembro de 1921 do mesmo ano e enviada para a comissão executiva da autarquia [Câmara Municipal].
- Após análise, a 24 de Fevereiro de 1922 o documento foi finalmente aprovado na sessão do executivo municipal, dando início à instalação do Corpo de Salvação Pública [hoje Bombeiros Municipais de Tomar].
- a 1 de setembro de 1922, dá-se início à instrução dos futuros bombeiros do CSP, sob o comando de Amadeu Vieira da Silva, chefe de secção dos bombeiros do Porto. É durante a instrução, ainda em Setembro de 1922, que os bombeiros de Tomar têm o primeiro batismo de fogo, num incêndio descrito como “pavoroso” e que atingiu uns prédios na Rua São João, no centro da cidade.
- a 28 de janeiro de 1923, em sessão solene da câmara municipal, são finalmente apresentados à população os bombeiros já formados.
De todos estes factos existem atas e jornais, no arquivo municipal e na biblioteca municipal, que atestam a sua veracidade histórica, só sendo conhecido todo este levantamento a partir de junho de 2011.
Então o que terá acontecido para que, durante anos se tivesse como adquirido que a fundação dos Bombeiros se dera a 28 de janeiro de 1923?
A única explicação plausível é que aquando da impressão definitiva do já citado Regulamento do Corpo de Salvação Pública, que escreve na capa “Aprovado pela Câmara Municipal de Thomar na sessão de 24 de fevereiro de 1922”, alguém terá tido a necessidade de acertar o ano, pois não fazia sentido escrever que a fundação se teria dado a 28 de janeiro de 1923, quando no ano antes havia sido aprovado o respetivo Regulamento. Vai daí, à boa maneira do tempo de Salazar, põe-se 28 de janeiro, mas de 1922 e assim a fundação era anterior à criação do Regulamento…
A base documental – as atas e os jornais da época, são portanto inequívocas: o ato fundador, consubstanciado na deliberação de Câmara que aprova o Regulamento, ao abrigo do qual são “organizados” o Corpo de Bombeiros, que deu lugar à recruta e à posterior apresentação pública, deu-se efetivamente a 24 de fevereiro de 1922.
Pode Pedro Marques bradar aos céus e aos infernos que “durante anos sempre se comemorou a fundação dos Bombeiros a 28 de janeiro e que a Presidente não tem legitimidade para mudar a data”, quando os factos históricos conhecidos desde 2011, com base em documentos reais existentes em acervo municipal não oferecem quaisquer dúvidas. Factos são factos e tontices são tontices.
PARTE II – A TONTICE DO PSD COM AS AMBULÂNCIAS DO INEM
Para não ficarem atrás no disparate, os vereadores do PSD, depois de andarem a não aprovar os subsídios para as Associações e Liga de Bombeiros, sempre a levantarem suspeitas sobre, quer a honorabilidade dos Homens, quer dos seus dirigentes e, na tentativa de não ficarem mal na fotografia, lembraram-se agora de vir dizer que era uma vergonha, que a ambulância do INEM tinha mais de oito anos e que deveria ter sido substituída aos 5 e que não se compreende como andam ambulâncias a fazer longo curso (ou seja a transportar doentes que têm consultas agendadas, essencialmente nos IPO’s), em lugar de estarem paradas no quartel para substituir as avarias constantes da ambulância do INEM.
Ora vamos aos factos que alguém se esqueceu de explicar aos vereadores do PSD, quando lhes escreveram o texto.
Em primeiro lugar o Município de Tomar tem, como muitos corpos de bombeiros, um contrato com o INEM, em que se compromete a ter equipagem (Homens), com formação e em disponibilidade para, usando um meio (ambulância) propriedade da INEM, possa, no contexto da rede nacional de emergência, acorrer às emergências comunicadas pela central de despacho nacional (CODU), inerente a uma chamada para o 112.
Quando esse meio (ambulância), não está disponível no quartel de bombeiros que é solicitado, pode ser pelo INEM “solicitada” uma segunda ambulância (com bombeiros) ou até uma terceira. Em Tomar, especialmente desde que as urgências deixaram praticamente de funcionar em Tomar e ficaram concentradas em Abrantes (2011-12), que é hábito estarem duas e por vezes três ambulâncias de Tomar a fazer serviço ao INEM.
Quando, após pedido do INEM, não há ambulância de substituição é ativado outro Corpo de Bombeiros que esteja nas proximidades e, assim sucessivamente até ser encontrado um meio (ambulância), com bombeiros especializados que possam fazer o serviço.
É este o sistema que garante que há sempre assistência de emergência a todos os cidadãos, em todos os locais do País, haja ou não ambulâncias disponíveis ali ao lado ou Corpo de Bombeiros na sua localidade: todos estão em rede e disponíveis para a emergência.
Para que todos saibam, o último ano e face ao investimento em recursos humanos e ao reforço efetuado em 2014 com uma nova ambulância nos Bombeiros Municipais de Tomar, aumentou em cerca de 25% o numero de transporte de doentes realizados, quer em emergência, quer em serviço de longo curso e, pela minha experiência, garanto-vos que os Bombeiros de Tomar não conseguem sequer atingir os 50% de “quota de mercado” na emergência/ transporte não urgente de doentes oriundos do Concelho o que demonstra que há ainda um grande caminho a percorrer de investimento em ambulâncias e em mais bombeiros com formação adequada, com o chamado curso de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS), o que irá acontecer nos próximos meses, após anos de formação a conta-gotas.
Ora, acontece que o INEM nos últimos anos, como é público tem tido uma redução significativa de meios financeiros para investimento em ambulâncias o que tem levado a diversos problemas, de norte a sul do País. Há, conforme disseram e bem os vereadores do PSD, um prazo referencia para substituição de 5 anos, em muitos Corpos de Bombeiros as ambulâncias contam já mais do que esse prazo. É o caso de Tomar e apesar da insistência do Comando dos Bombeiros e do Município, desde que a data de 16/3/2014 se aproximava e que depois se ultrapassou, quando fazia os 5 anos de serviço da ambulância do INEM, este nunca a substituiu até hoje.
Portanto, não só a ambulância do INEM estacionada em Tomar não tem 8 anos, mas sim 6 anos e 11 meses, como têm os Bombeiros e o Município insistido para que a sua substituição se dê. E muito se estranha que seja precisamente o partido que foi responsável durante os quatro anos de cortes absurdos em todos os setores, com especial consequência no da saúde, a vir “acusar” uma Câmara socialista pela responsabilidade que recai, inteirinha, num Governo PSD…
Enfim, palavras para quê?
Quem não sabe é como quem não vê, diz o povo e tem absoluta razão.


Em anexo:
HISTÓRIA DOS BOMBEIROS DE TOMAR

Publicada desde 2011, aqui:
https://protegetomar.wordpress.com/historia-dos-bombeiros-de-tomar/
Luis Ferreira
Deputado Municipal do Grupo Socialista

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