Luís Ferreira volta a surpreender. Usando
novamente a sua conta de e-mail do Município de Tomar, escreveu desta vez aos três
vereadores da oposição (João Tenreiro, António Jorge e Pedro Marques), com
conhecimento aos vereadores do PS e... a Hugo Costa, presidente da concelhia do
Partido Socialista. Já o vereador da CDU, Bruno Graça, foi ignorado.
A mensagem que tem como assunto “A INCRÍVEL APETÊNCIA DA OPOSIÇÃO PARA O
DISPARATE SOBRE OS BOMBEIROS” aponta críticas aos vereadores da oposição, no
caso de Pedro Marques, devido aos reparos que deixou em relação à data de
comemoração do aniversário dos Bombeiros de Tomar e no caso dos vereadores do
PSD, a propósito dos comentários que fizeram em relação às viaturas do INEM.
Curioso é que Luís Ferreira, na mensagem, faça questão de referir que «apesar de estar
por agora provisoriamente em trabalho na ribatejana vila de Alpiarça e
provisoriamente residente na bela vila da Nazaré».
A mensaem completa é a seguinte:
Estimados Senhores Vereadores da oposição Municipal
Sei bem que eventualmente auguravam não terem contraditório após
as reuniões de Câmara, com as observações e propostas, por vezes
despropositadas, que vêm fazendo e dizendo nas mesmas, sobre os mais diversos
assuntos.
Sei bem, que muitas das vezes as fazem apenas para ocupar algumas linhas de
jornal ou, para terem um pequeno tempo de antena nas rádios.
Acontece que, pelo facto de já ter estado na vossa (ingrata) posição, sei
bem que há duas formas de apresentar assuntos em reunião de Câmara: sabendo do
que se fala, depois de estudar longas horas os assuntos e argumentando com
factos sobre os mesmos ou, por outro lado não sabendo e inventando ao
sabor da pena...
Penso que é evidente sobre qual o caminho que optaram.
Desenganem-se que, apesar de
estar por agora provisoriamente em trabalho na ribatejana vila de Alpiarça e
provisoriamente residente na bela vila da Nazaré, não me darei ao
trabalho, na qualidade de deputado Municipal e através dos meios que entendo
adequados, procurar demonstrar a vossa impreparação política e administrativa
para o exercício corrente de funções autárquicas e errónea abordagem sobre
alguns assuntos que, de quando em vez seleciono, entre os inúmeros que
quinzenalmente nos oferecem para dissecar.
Assim, meus caros, aqui vai:
Na senda do que vem sendo a atitude permanente dos vereadores da oposição,
no sentido de falarem de cor, sem cuidarem de se informar sobre os factos, têm
sido ditas e proliferadas pela comunicação social tomarense, os maiores
dispartes sobre os Bombeiros de Tomar.
Ao quererem fazer política a olhar para o capô do carro, ou seja, ao irem
atrás da sensação do momento das redes sociais ou das mentiras, misturadas com
algumas verdades, que “de dentro” vão sendo sopradas, os inexperientes
vereadores do PSD, são pau para toda a obra do “batido” Pedro Marques, porque
“no tempo dele é que era bom”…
Mas vamos ao que interessa. Em primeiro lugar a data da fundação dos
Bombeiros e as razões da eventual “confusão”.
PARTE I – A TONTICE de Pedro Marques COM A DATA DA FUNDAÇÃO DOS
BOMBEIROS
Durante décadas, especialmente desde os anos 50 do século passado e, com
especial incidência, desde as comemorações dos 800 anos de Tomar, organizados
entre 1960 e 1962, o regime de então assumiu a data da fundação dos Bombeiros
de Tomar, como sendo 28 de janeiro de 1923.
Aliás, o grande documento de prova é, precisamente a capa do Regulamento do
Corpo de Salvação Pública, que refere que o mesmo foi aprovado na reunião do
executivo camarário de 24 de fevereiro de 1922 e coloca como data de
“Fundação”, precisamente 28 de janeiro de… 1922 (?!).
Confrontados com um conjunto disperso de documentos sobre os Bombeiros de
Tomar e a sua História, a vereação socialista da Proteção Civil em 2010,
encomendou a uma pequena empresa de Tomar o levantamento documental sobre os
registos existentes dos Bombeiros. Desse trabalho, resultou um pequeno volume
que pode aqui ser
consultado, onde entre outros factos se consultou as atas da Câmara Municipal,
especialmente dos anos 10 e 20 do século passado e se constatou que:
- em 1917 é “declarada” a criação de uma corporação de bombeiros
voluntários;
- em 1919 é proposto pelo vereador Avelar, a criação de um grupo de
bombeiros pertencente ao Município;
- Em 1921, surge através do vereador Gonçalves Ribeiro a proposta de um
Regulamento para o Corpo de Salvação Pública (CSP).
- O documento foi estudado por todos os envolvidos, sendo a versão final
foi aprovada a 7 de Dezembro de 1921 do mesmo ano e enviada para a comissão
executiva da autarquia [Câmara Municipal].
- Após análise, a 24 de Fevereiro de 1922 o documento foi finalmente
aprovado na sessão do executivo municipal, dando início à instalação do Corpo
de Salvação Pública [hoje Bombeiros Municipais de Tomar].
- a 1 de setembro de 1922, dá-se início à instrução dos futuros bombeiros
do CSP, sob o comando de Amadeu Vieira da Silva, chefe de secção dos bombeiros
do Porto. É durante a instrução, ainda em Setembro de 1922, que os bombeiros de
Tomar têm o primeiro batismo de fogo, num incêndio descrito como “pavoroso” e
que atingiu uns prédios na Rua São João, no centro da cidade.
- a 28 de janeiro de 1923, em sessão solene da câmara municipal, são
finalmente apresentados à população os bombeiros já formados.
De todos estes factos existem atas e jornais, no arquivo municipal e na
biblioteca municipal, que atestam a sua veracidade histórica, só sendo
conhecido todo este levantamento a partir de junho de 2011.
Então o que terá acontecido para que, durante anos se tivesse como
adquirido que a fundação dos Bombeiros se dera a 28 de janeiro de 1923?
A única explicação plausível é que aquando da impressão definitiva do já
citado Regulamento do Corpo de Salvação Pública, que escreve na capa “Aprovado
pela Câmara Municipal de Thomar na sessão de 24 de fevereiro de
1922”, alguém terá tido a necessidade de acertar o ano, pois não fazia sentido
escrever que a fundação se teria dado a 28 de janeiro de 1923, quando no ano
antes havia sido aprovado o respetivo Regulamento. Vai daí, à boa maneira do
tempo de Salazar, põe-se 28 de janeiro, mas de 1922 e assim a fundação era
anterior à criação do Regulamento…
A base documental – as atas
e os jornais da época, são portanto inequívocas: o ato fundador,
consubstanciado na deliberação de Câmara que aprova o Regulamento, ao abrigo do
qual são “organizados” o Corpo de Bombeiros, que deu lugar à recruta e à
posterior apresentação pública, deu-se efetivamente a 24 de fevereiro
de 1922.
Pode Pedro Marques bradar aos céus e aos infernos que “durante anos sempre
se comemorou a fundação dos Bombeiros a 28 de janeiro e que a Presidente não
tem legitimidade para mudar a data”, quando os factos históricos conhecidos
desde 2011, com base em documentos reais existentes em acervo municipal não
oferecem quaisquer dúvidas. Factos são factos e tontices são tontices.
PARTE II – A TONTICE DO PSD COM AS AMBULÂNCIAS DO INEM
Para não ficarem atrás no disparate, os vereadores do PSD, depois de
andarem a não aprovar os subsídios para as Associações e Liga de Bombeiros,
sempre a levantarem suspeitas sobre, quer a honorabilidade dos Homens, quer dos
seus dirigentes e, na tentativa de não ficarem mal na fotografia, lembraram-se
agora de vir dizer que era uma vergonha, que a ambulância do INEM tinha mais de
oito anos e que deveria ter sido substituída aos 5 e que não se compreende como
andam ambulâncias a fazer longo curso (ou seja a transportar doentes que têm
consultas agendadas, essencialmente nos IPO’s), em lugar de estarem paradas no
quartel para substituir as avarias constantes da ambulância do INEM.
Ora vamos aos factos que alguém se esqueceu de explicar aos vereadores do
PSD, quando lhes escreveram o texto.
Em primeiro lugar o Município de Tomar tem, como muitos corpos de
bombeiros, um contrato com o INEM, em que se compromete a ter equipagem
(Homens), com formação e em disponibilidade para, usando um meio (ambulância)
propriedade da INEM, possa, no contexto da rede nacional de emergência, acorrer
às emergências comunicadas pela central de despacho nacional (CODU), inerente a
uma chamada para o 112.
Quando esse meio (ambulância), não está disponível no quartel de bombeiros
que é solicitado, pode ser pelo INEM “solicitada” uma segunda ambulância (com
bombeiros) ou até uma terceira. Em Tomar, especialmente desde que as urgências
deixaram praticamente de funcionar em Tomar e ficaram concentradas em Abrantes
(2011-12), que é hábito estarem duas e por vezes três ambulâncias de Tomar a
fazer serviço ao INEM.
Quando, após pedido do INEM, não há ambulância de substituição é ativado
outro Corpo de Bombeiros que esteja nas proximidades e, assim sucessivamente
até ser encontrado um meio (ambulância), com bombeiros especializados que
possam fazer o serviço.
É este o sistema que garante que há sempre assistência de emergência a
todos os cidadãos, em todos os locais do País, haja ou não ambulâncias
disponíveis ali ao lado ou Corpo de Bombeiros na sua localidade: todos estão em
rede e disponíveis para a emergência.
Para que todos saibam, o último ano e face ao investimento em recursos
humanos e ao reforço efetuado em 2014 com uma nova ambulância nos Bombeiros Municipais
de Tomar, aumentou em cerca de 25% o numero de transporte de doentes
realizados, quer em emergência, quer em serviço de longo curso e, pela minha
experiência, garanto-vos que os Bombeiros de Tomar não conseguem sequer atingir
os 50% de “quota de mercado” na emergência/ transporte não urgente de doentes
oriundos do Concelho o que demonstra que há ainda um grande caminho a percorrer
de investimento em ambulâncias e em mais bombeiros com formação adequada, com o
chamado curso de Tripulante de Ambulância de Socorro (TAS), o que irá acontecer
nos próximos meses, após anos de formação a conta-gotas.
Ora, acontece que o INEM nos últimos anos, como é público tem tido uma
redução significativa de meios financeiros para investimento em ambulâncias o
que tem levado a diversos problemas, de norte a sul do País. Há, conforme
disseram e bem os vereadores do PSD, um prazo referencia para substituição de 5
anos, em muitos Corpos de Bombeiros as ambulâncias contam já mais do que esse
prazo. É o caso de Tomar e apesar da insistência do Comando dos Bombeiros e do
Município, desde que a data de 16/3/2014 se aproximava e que depois se
ultrapassou, quando fazia os 5 anos de serviço da ambulância do INEM, este
nunca a substituiu até hoje.
Portanto, não só a ambulância do INEM estacionada em Tomar não tem 8 anos,
mas sim 6 anos e 11 meses, como têm os Bombeiros e o Município insistido para
que a sua substituição se dê. E muito se estranha que seja precisamente o
partido que foi responsável durante os quatro anos de cortes absurdos em todos
os setores, com especial consequência no da saúde, a vir “acusar” uma Câmara socialista
pela responsabilidade que recai, inteirinha, num Governo PSD…
Luis Ferreira
Deputado Municipal do Grupo Socialista