Há dias ouvi uma pessoa afirmar, com graça, que
hoje é muito fácil ser médico. Uma pessoa dirige-se ao consultório e se tem a
tensão alta a receita é que vá andar. Um homem vai ao médico queixar-se da
proeminência da barriga e o conselho é... que vá andar; a mulher queixa-se de
dores de cabeça, pois que faça umas caminhadas... sofre de stress, tem de
andar... anda enervado, ande... Andar, como exercício, parece ser a cura para
todas as maleitas.
Não sou médico, não vou mandar ninguém andar, mas vou
propor um outro exercício:
Imaginemos uma associação de uma pequena aldeia
espalhada por um qualquer ponto do país. Seja pela crise do associativismo,
seja pela demanda das populações, seja pela falta de motivação ou por outra
razão qualquer, as pessoas afastam-se e há umas instalações construídas com o
esforço da população, erguidas num terreno doado por um benemérito da terra,
que ficam ao abandono, sujeitas a actos de vandalismo que sempre acontecem
neste tipo de situação.
O tempo passa e fruto da dinâmica própria das
razões que levam a uma maior ou menor motivação para as pessoas se associarem,
há um novo fôlego, uma nova onda de entusiasmo, gente jovem envolvida e a
associação volta a ter portas abertas, volta a ser centro de convívio, volta a
ser elemento agregador da população dessa localidade.
Quem assume os destinos nessas circunstâncias é
então convidado pela autoridade tributária a cumprir obrigações legais que
ficaram por cumprir e/ou com multas das autarquias locais que os seus
responsáveis, como vivem noutro mundo e não conhecem a realidade do seu
território, fazem questão de aplicar, castigando eventuais abusos.
Movidos pelo espírito altruista que os leva a
abdicar de algum do seu tempo para o dedicarem ao bem comum da colectividade
local, há nestas situações várias possibilidades: Uns vão ao “beija-mão”, pedir
o favor de um perdão que trocam pela promessa de votos futuros; outros pura e
simplesmente ignoram as ameaças que chegam em forma de cartas intimidatórias
porque os supostos incumprimentos são datados no tempo e dizem respeito ao tal
período anterior ao novo fôlego e há ainda outros, que de tão envolvidos com a
causa, assumem pessoalmente a vontade de pagar do seu próprio bolso para acabar
de vez com a questão.
Neste último caso, há também várias possibilidades.
Ou têm dinheiro suficiente para liquidar de uma vez o valor da(s) multa(s) aplicadas
pela Câmara ou apresentam uma proposta de pagamento faseado para, por exemplo, liquidarem
uma multa de quinhentos euros em cinco prestações mensais de 100 euros cada.
Claro que, também neste ultimo caso, há duas
possibilidades: A Câmara pode aceitar ou recusar mas fará sentido recusar-se a
vontade de pagar? No caso da Câmara Municipal de Tomar faz. Só aceita pagamento
a pronto. Se fosse comigo... como é que é aquela coisa de ir receber ao totta?...
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